Quinta-feira, 27 de Junho de 2013

Escrever a meias #6

 

Rascunho a corda. Acorda! Terminou o intervalo. Terceiro acto na vidinha de uma personagem entremeada agosto no seu outono: semear reticências na maré alta até à parra da tua memória. Sacode as migalhas da pala. Porco me saíste. Anota aí: escrever sem meias. Sem amendoins. Cem janelas. AAAAAAAAAh!!! Pumbas, nasceu o coisito. Nasceu aos nove meses e trinta e dois minutos e meio, arraçado de açúcar feito mel nos dentes e lindo como a potassa do vizinho. Quiseram-no Obê na etiqueta da mochila, sem pontos acrescidos à identidade que não as sardas no rosto e a educação de quem come e não cala  –  as patas são nossas amigas. E põem ovos de licor em tudo quanto é ilha. Natal 2012... Obê lambuzava-se na vontade de Anita com promessa anual quando o ovo foi com a maré. Montou-se nas patas que o vizinho lhe encomendeu a Deus e fez-se à maré. O horror, a tragédia, a grande tosga! Suspende aí para banda sonora. Aquela que tens no iPod da tua avó. Ai o, ah... da Anita... chegou a noite e... Ah-ha: "Anita não é bonita mas acredita que a noite cai". Que horas são? Lotação esgotada! Pipoquemos, meu popotão. Vou-te aviar três historinhas para o caminho: Anita destrói as marcas do amor; Anita embebeda-se; Anita aprende a cantar Grândola Vila Morena. Anota aí, sem meias medidas: o que será feito do Obê?

 

Agora já podem anotar aí: escrever às meias, sejam elas luas, brancas, sujas, ou a cheirar a misantropismo. Escrever-lhes como se fossemos militares de arma na mão, inimigo na mira e, no coração, saudades da amada que não é mais que um pacote de néctar de pêra muito magoado (oooohh! Um grande dói-dói de amor!) com a relação falhada que tivera com um bikini para cães. Nunca tinha reparado que me faltava o coiso, mas já que me nasceu, aproveitá-lo-ei. Já não espetava numa febra. Pipocas a saltar era o que eu queria. Can can era o que eu desejava, assim como a barbi barbalhona, ou varvosa, como dizia o outro. Aos nove meses e trinta e três minutos e três quartos, cuco não abria o bico, e eu é que chilreava. Era ridículo ter que subir ao relógio de corda e esbracejar como se fossem asas para fazer a vez ao pássaro, mas alguém tinha de o fazer às horas certas se não a avó esquecia-se de tomar os medicamentos e morria à sede. Anota aí: Não vai haver histórias de amor destruído, nem de bebedeiras, nem da Grândola Vila, porque não me apetece contar história em que a protagonista mete um quilo de coca no rabo para: a) passar no aeroporto; b) bater-lhe mais; c) mostrar a um primo sem calças as suas habilidades a nível de “Pum pum pum… Ai tão bom, quero mais”.

 

Cabeça nas mãos, coiso na cabeça, usar e abusar do coiso. Fora calor com rajadas de vento do outro lado da pele. Olhava para mim. Via o meu corpo igual aos anuncios de Strepsils. Estações do ano iguais aos anos das estações. Parvoice entricheirada entre os miolos e o coração. Importava-me muito que as etiquetas estivessem mal postas. Rótulos ao contrário. Oportunidade para virar a garrafa. Tampa suja, fundo vazio. Recipiente deficiente. Mão experiente em massa nova. Expectativa velha em tempo novo. Leão descontrolado outra vez. Desopilado. Crosta estalada. Só para ligar a narrativa: O que será feito de Obê?

 

Aquela vontade de lamber um espelho. Marcar com a língua o desenho de um bitoque mal passado. Cambaleio por entre taberneiros que me chamam “Toledo Tabarez” e moradores de rua que na maior sinceridade apenas pedem dinheiro para mais vinho. Porquê mentir? A última vez que menti obrigaram-me a meter um quilo de gomas na boca, por castigo. Para aquele momento ser menos doloroso, pensei em coisas boas. O pensamento invadiu-se pela paz no mundo. Wooo!!! Bolinhas de sabão! Xou uma pexoa taum winda e fofinha e otas xenas… Está mas é calado e fala como as pessoas. Por pa bo entend mei palav bas. Aplausos! Aplausos de pé, porque eu nasci a quatro de Julho e quem fez o parto foi um leitor de cassetes.

 

 

Marilú, diz-me que és mesmo tu. Marilú, ainda agora Marilú! Dizer sem meias, agora! Não comia nem calava. Comia e calava. Só como e calo se quiser. Ovos moles cheiram a fritos. Ovos cozidos soam a fodidos. Ovos mexidos, coisa usada. Agora. Ovos estrelados a cavalo do ovo! Ou com ovo a cabalo? Ovos campeões mundiais de hipismo! Colesterol lambuzado, coração musculado, testa rija. Mais do que sonhara, tanpouco desejava. Noite caíra. Haveria de cair outra vez. Água mole em pedra endurecida não dá tanto e já não é pura. Jurei ter por companheira (A) sombra de uma azinheira. Três porquinhas na historinha. Estória da carochina riscada em vez de rabiscada. Obê desfeito. Acabou. Obê, Zu de apelido pela descendência hebraico-coreana, morreu à fome porque nunca comeu na vida e já ia no terceiro ano de catequese.

 

Começou outro intervalo. Quarto acto na vida de uma personagem que só tem braços até aos cotovelos, mas que pode salvar o mundo só com a força da respiração. Anota aí. 

 

 

 

 

 

Um "muchas gracias" especial

dedicado à miss blogada, a Blogadinha

Publicado por Universo de Paralelos às 14:20
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3 comentários:
De jabeiteslp a 27 de Junho de 2013 às 20:54

pois


De Blogadinha a 10 de Julho de 2013 às 18:12
Jabeiteslp, ora pois! :)


De Blogadinha a 10 de Julho de 2013 às 18:06
O que seria dos cenários de guerra sem sua Marilú. Lol

Muchachos, gringos, compañeros de mi vida... me voy (encantada)! :))


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