Então, senhor morto? As pessoas vieram à sua festa porque diz que você morreu e você não é capaz de se levantar para distribuir uns refrescos e uns croquetes? Levante-se, homem. Diga qualquer coisa. Dance e cante como um canário. Olhe que só se morre uma vez.
Considero isto um escândalo. Trazem-lhe flores e você não se levanta para as receber? Junta-se família e amigos e você, na mesma? Na mesma! Beije a abrace as pessoas e pergunte-lhes “Como é que vai essa vida?” E eles respondem-lhe “Olhe, vim até cá matar o tempo.”
Em vez de optar por anfitriar, mantém-se deitado, imóvel, a dormir, a fazer um soninho sabe-se lá até quando. Ó senhor morto, não deixe as pessoas a morrer à fome. É que depois ficamos aqui com um ambiente de matar à faca.
Eu aqui, morto de inveja que nem na minha comunhão solene tive tanta gente e você, com estas pessoas todas bem vestidas, num dresscode rigoroso e aprumado, permanece deitado e rígido a pensar na morte da bezerra.
Ai senhor morto, senhor morto, você é mesmo um atraso de vida.
Johnny Almeida