Terça-feira, 3 de Junho de 2014

O melhor cu do mundo

Cu, de quem és tu?

Bonito e vistoso como és, deves ser alimentado pelas melhores carnes e por vegetais seleccionados, em quantidades pensadas para te fazer gostoso. Bonito e vistoso como és, acredito que te levem a passear à praia e aos bares de gin e que a tua senhora receba assobios. Bonito e vistoso como és, acredito que só te falte falar, se bem que desconfio que domines frases curtas como “Bom dia”, “Obrigada” e “Eram dois quilos de nêsperas, se faz favor.”

 

E eu vou ficar aqui à espera que me digas: Anda aqui ver isto. Nua da cintura para baixo, de sorriso agarrado aos dentes, libertas pequenos flatos em forma de coração, num cor-de-rosa com alguma transparência, com odor ao número cinco de Coco Chanel. E sobem eles, devagar, até rebentarem no tecto. Em sentido contrário, descem sobre ti bolas de sabão que te abraçam quando te tocam o corpo, nessa sala pequena forrada num veludo cor de paixão.

 

E eu vou ficar aqui à espera que me digas: Anda aqui ver isto. Num vestido oitocentista, armado na cintura, estavas tu, em pé, em cima de um pónei branco. E passava uma brisa que te deixava ver as pernas e esse teu bonito e vistoso rabo. Dele saiam pequenos coelhos, aos saltos, em fila, de sorriso simpático a entoar a Primavera. Em plano de fundo, nesse imenso relvado, acontecia uma batalha medieval, sangrenta, violenta, gritante, da qual o sangue, a violência das pancadas e os gritos de dor deixavam adivinhar o fim de um par de galáxias. Quando chegasses perto daqueles guerreiros - que em vez de espadas, usavam girassóis – e mal vissem esse bonito e vistoso rabo, ficariam rendidos e desistiam de lutar. Alcançavas a paz! E quem não conseguia com um rabo assim.

 

E eu vou ficar aqui à espera que me digas: Anda aqui ver isto. Tu, de pé, com três grandes líderes mundiais ajoelhados aos teus pés feios: um negro, um índio e um chinês. Tocava um blues num rádio antigo, no topo desse arranha-céus com vista sobre todos os continentes. Ninguém via o rádio, mas era de certeza assim, porque os rádios recentes recusam-se a beijar na boca o que é sublime. Estavas de novo despida da cintura até ao chão. Boa ideia a tua de usares a música para mover o corpo em embalos sedutores, para deixares a anca ser protagonista desse momento que fez o globo parar de girar para ficar a assistir. Quando tiraste as calças ficaste nua, porque usar cuecas vai contra a tua conduta. Tiravas um pão com queijo do rabo, entregavas ao líder africano e acabavas com a fome em África. Tiravas um cachimbo do rabo e o índio ia fumá-lo com os cowboys. Tiravas esparguete do rabo e davas ao chinês para ele parar de comer arroz. Solucionados que estavam os problemas do mundo, saiam te assas das bochechas do cu e esvoaçavas, de saias recolhidas nas mãos, ate te perderem de vista por entre as nuvens.

 

E eu vou ficar aqui à espera que digas: Isso não é real. Eu tenho imensa celulite.

 

Johnny Almeida

Publicado por Universo de Paralelos às 13:24
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