Morte! Um tema que faz corações entrar em pânico, mas que, aqui, vai ter forma leve e trocista. Prometo não vos interromper o sono de machado na mão. Quem é amigo, quem é?
Porque é que no nosso funeral ficamos vestidos com um fato igual ao que usamos no dia do casamento. Alguém está a tentar dizer que casar e morrer se assemelham?
O funeral é uma celebração gay! “Ai, não digas isso porque é antiético.” Está bem, mas agora calem-se que é a minha vez de falar. O funeral é a iniciação à vida homossexual, porque é o dia em que muitos homens recebem flores. Umas vêm em ramos, outros com cartões dedicados e algumas vêm em forma de coroa, como que se alguém estivesse à espera que usássemos aquilo na cabeça depois de mortos.
Vamos pensar um bocadinho: Nós estamos vivos. Nós morremos. Nós voltamos à vida. Porque é que perdemos tempo a morrer se depois “Ai e tal, afinal é para continuar vivo”? É perder tempo. Não era mais fácil organizar as pessoas numa fila e quem tivesse comprado pulseira entrava directamente na outra vida. Quem não tivesse, comprava à entrada, mas era mais cara.
Para onde vamos nós depois de morrer?
Cenário Um:
Onde tudo é perfeito… Tudo é verde: o chão relvado, as árvores. Tudo é branco: as roupas que vestimos, a claridade do céu, os cavalos que passeiam, os coelhos (ou coelhinhos, para ficar mai’fofo) e os cisnes que deslizam no enorme lago ao centro. Jesus com as suas vestes engomadas conta piadas de loiras, enquanto quem o ouve come salgadinhos e bebe águas gaseificadas. Humor negro é proibido e quem o usar fica três dias a fazer cópias dos Salmos.
Cenário Dois:
As virgens… Setenta, ao que dizem. Onde é que isto é o paraíso? Vais ter que as convencer que não vai doer; Vais ter que fazer tudo sozinho; Vão ficar horas largas agarradas a ti, no fim, a dizer “Ninizinho, adorava ter-te conhecido há mais tempo!”
Cenário Três:
Sintam o calor. O mafarrico ligou o quentinho. Estamos na vivenda do senhor Satanás, que também assina como Belzebu ou Lúcifer. Pode parecer interessante, até porque tem música, bar aberto e pessoas nuas, mas é demasiado chato porque temos de conviver com assassinos e ditadores.
Cenário Quatro:
A minha própria proposta. Uma mistura de parque aquático com festival de verão, onde todos fazemos aquilo de que gostamos, mesmo que isso seja castelo de cartas ou pirâmides humanas. Um sítio onde a SportTv é gratuita. Uma junção de coisas boas, onde a frase mais usada é “Olha, ela não se vai chupar sozinha.”
Sei bem, que o medo da morte desapareceu, mas também não vale a pena estarem a saltar do terraço do vosso prédio só para celebrar a vida.
Johnny Almeida